Fazer recuperação ou viajar?

O ano passa rápido!

Assim que as férias de julho acabaram, no mês seguinte, a família já estava com o roteiro da próxima viagem em mente. Resolveram o lugar que desejavam conhecer e os passeios que queriam fazer.

Reservas de hotéis feitas e passagens aéreas pagas assim como os dias de aluguel de carro. A viagem foi agendada para início de dezembro, pois a promoção era imperdível.

A família estava preparada para mais uma aventura! A única coisa que não podia acontecer era a possibilidade de algum filho ficar de recuperação.

Parecia que tudo estava sob controle. Só que não!

Júnior precisava tirar oito e meio de Matemática e nove de Português, mas, não se sabe como, esse desafio não foi alcançado.

As notas no boletim revelavam a preocupação generalizada. A circular informando o período de recuperação foi a certeza que Júnior e os familiares teriam que enfrentar uma situação bem desconfortável.

Imediatamente a mãe agendou uma entrevista com a orientadora para ver qual jeito era possível ser dado. Mas… não houve jeito. O segundo passo foi procurar a Diretoria. Era muito óbvio para a família que a escola precisava solucionar o problema deles. Por que o Júnior não pode fazer as provas em outro momento? As aulas de recuperação não poderiam ser substituídas por trabalhos escolares? A escola “só” precisava ter boa vontade.

A insistência foi muito grande para que a escola tomasse uma atitude que fosse conveniente para a família.

Foram dias de angústia, discussões e impasses.

A escola foi irredutível.

Os pais de Júnior até ameaçaram não rematricular o filho. Não adiantou!

Em nenhum momento, a questão da não aprendizagem do filho foi colocada como prioridade. A escola tornou-se a maior culpada pelas férias frustradas de verão.

Apesar dos esforços da família, Júnior teve que enfrentar a frustração bem amarga de final de ano.

Como a escola não ofereceu outro calendário de aulas e provas de recuperação, Júnior ficou na casa dos avós maternos enquanto o restante da família atravessava o Oceano Atlântico em busca das merecidas férias. Prejuízo financeiro, desgaste emocional e recordação inesquecível foram alguns fatores que marcaram a família naquele ano.

Essa história é muito comum nas instituições escolares. De repente, pais esquecem que não é possível desconsiderar fatos tão importantes como o processo de aprendizagem de um filho! A busca insana pela felicidade e a necessidade de realizar os desejos a qualquer custo não podem ser as diretrizes básicas que embalam a vida das pessoas.

Quero acreditar que, depois desse episódio, todos os envolvidos tiveram a oportunidade de resolver conflitos e aprender com eles.

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    Thais Bechara

    Meu nome é Thaís Bechara. Sou professora, pedagoga, mãe, psicopedagoga e orientadora educacional (exatamente nessa ordem). Com sólida experiência na área da Educação Infantil e Ensino Fundamental, sempre atuei em colégios de grande porte e de destaque no mercado.

    Sou graduada em Pedagogia (Orientação Educacional e Administração escolar), com Curso de Especialização em Psicopedagogia (“lato sensu”) pela PUC-SP- área institucional.

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