Que mundo é esse?

Pouco contato visual, movimentos repetitivos, nenhuma ou pouca sociabilidade, autismo… Que mundo é esse?

Estava eu num consultório médico e, ao meu lado, sentou-se uma mãe com o filho aparentando ter entre seis e sete anos que, aliás, estava muito entretido com o seu tablet.

Observando-os, percebi que o pequeno apresentava características bem específicas. Foi bonito ver a mãe buscando diferentes formas de comunicação com seu filho, apesar da dificuldade dele em manter contato visual com qualquer pessoa.

Num determinado momento, essa criança se irritou com um som externo relativamente alto. A mãe, muito habilidosa e um pouco constrangida em relação às pessoas que estavam na sala, conseguiu acalmá-lo e, gradativamente, o pequeno foi retomando sua tarefa. Logo seus dedinhos estavam tocando a tela do tablet outra vez.

Tal cena me fez resgatar momentos vividos na escola como orientadora educacional. Por alguns anos, trabalhei com crianças portadoras da síndrome de asperger, transtorno global do desenvolvimento do espectro autista.

O contato família/ escola e a disponibilidade dos pais em buscar respostas para os nossos questionamentos, foi fundamental para seguirmos um caminho.

Para evitarmos, ao máximo, o sofrimento da própria criança e de todos que conviviam com ela era preciso fazer escolhas.

Tomar medicação? Terapia comportamental? Psicanálise? Oficina de teatro? Pet terapia? Fonoaudiologia? Trabalho multidisciplinar?

Analisar prós e contras de cada procedimento faz parte do processo de cuidados com a criança autista.

A psicanálise procura não focar os sintomas e tem como objetivo fazer com que a criança consiga compartilhar emoções e entender o que outras crianças sentem. A terapia comportamental consiste numa série de práticas visando à integração social a partir da repetição, do reforço das convenções, das orientações sobre o que se pode ou não fazer ( Folha de S. Paulo – Saúde + Ciência -17/06/2013 ).

Cada caso é um caso, mas ao longo da minha trajetória profissional, percebi que resultados mais rápidos e visíveis foram alcançados, todas as vezes que a terapia comportamental foi a escolhida.

O trabalho com crianças autistas é sempre desafiante e severamente encantador. Gosto de lembrar especialmente de um menino correndo para a minha sala querendo um papo, uma atenção ou uma “briga” por não querer experimentar ou participar de algo proposto pela escola. Enfim, ele buscava um refúgio.

A marca ficou registrada! Fui acionada e minha inquietação impulsionou a apreciar os diferentes aromas desse mundo tão especial vivido pelas crianças autistas e pelas pessoas que as acompanhavam nessa árdua tarefa de educar.

Leia também o artigo “Empresário criou ONG que ajuda famílias com crianças autistas” – Revista Veja São Paulo, 24/07/13

http://vejasp.abril.com.br/materia/paulistano-nota-dez-hermelindo-oliveira

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    Thais Bechara

    Meu nome é Thaís Bechara. Sou professora, pedagoga, mãe, psicopedagoga e orientadora educacional (exatamente nessa ordem). Com sólida experiência na área da Educação Infantil e Ensino Fundamental, sempre atuei em colégios de grande porte e de destaque no mercado.

    Sou graduada em Pedagogia (Orientação Educacional e Administração escolar), com Curso de Especialização em Psicopedagogia (“lato sensu”) pela PUC-SP- área institucional.

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