Avaliação como processo de aprendizagem de quem?

Fernando Hernández na introdução do livro Transgressão e mudança na educação – Os projetos de trabalho diz que “não é possível recriar a Escola se não se modificam o reconhecimento e as condições de trabalho dos professores”.

E no capítulo “A avaliação como parte do processo dos projetos de trabalho” o autor afirma que a avaliação é o que dá sentido a inovação educativa e é neste lugar que a Escola mostra a sua relação com os conhecimentos e a forma de ensinar e aprender.

Como assim?

O tema é uma das questões mais controversas, poiso trabalho por projetos promove formas de pensar e coloca o aluno diante de diferentes interpretações, o que é diferente da avaliação baseada no conhecimento da realidade objetiva e estática. Nesse caso, o armazenamento de informações e a promoção dos alunos que compreenderam a informação medem o sucesso ou fracasso. Também busca provar o que se sabe oficialmente e aponta o que o professor ensina.

Já a avaliação por projetos propõe que se aprenda com a avaliação. A aprendizagem estimula a capacidade da pesquisa, a busca de informações, a aplicabilidade e a transferência de conhecimentos para situações reais de simulação. O que é diferente de responder enunciados verbais, visuais ou numéricos.

“O papel do professor consistirá em organizar, com um critério de complexidade, as evidências nas quais se reflita o aprendizado dos alunos, não como um ato de controle, mas sim de construção de conhecimento compartilhado”.

Ensinar mediante projetos favorece a pesquisa, o estudo e a reflexão. O que interessa é o ensino para a compreensão e a mudança de paradigmas. É trabalhar estratégias de busca, ordenação e estudo de diferentes fontes de informação.

A avaliação, inicialmente, é um diálogo do professor com o conhecimento prévio dos alunos. Estas são informações preciosas sobre a forma de aprender dos alunos. O que se segue é uma observação interpretativa de onde o aluno está , o que quis dizer e se estabelece relações. Estas respostam podem ser ordenadas por níveis de compreensão.

Essa observação do professor é o ponto de partida para iniciar um projeto, planejar uma unidade didática ou iniciar um processo de pesquisa.

O planejamento das tarefas deve levar em conta a memória, a resolução de problemas, a compreensão e o tratamento de uma nova informação.

Sendo assim, a avaliação formativa deve ajudar o aluno a progredir no caminho do conhecimento através das formas de trabalhos sugeridos em sala de aula. É uma tarefa e um ajuste para o processo ensino aprendizagem. Deve-seconsiderar a evolução do aluno estabelecendo novas pautas de conhecimento.

O processo inclui também a avaliação recapitulativa. É o momento de apresentação do processo de aprendizagem, do reconhecimento e verificação das habilidades conquistadas e das dificuldades encontradas.

É importante no trabalho, por parte dos professores, ter uma abertura conceitual, investigadora, metodológica e ético-política.

Professor e alunos aprendem. O processo de avaliação abre para os resultados não previstos e imprevisíveis, dá espaço para as evidências no processo e nos resultados, introduz procedimentos informais frente às estratégias formais, abre para o pluralismo metodológico. O caminhar com o aluno é parte integrante, é uma avaliação democrática.

Saber é dar sentido a informação e transformá-la em conhecimento. Identificar onde o aluno está e o que precisa para continuar aprendendo.

Hernández sugere como estratégia de reconstrução e registro do processo o portfólio, que é uma modalidade de avaliação vinda do campo da arte. Traduz o processo de aprendizagem do aluno e do professor, dá oportunidade de reflexão e de introdução de mudanças. Representa a trajetória e é uma forma de mostrar a concepção e o valor educativo.

Nós do Blog Conversando com Educação perguntamos a vocês educadores: A avaliação nas escolas promove mudanças e ajuda aluno e professor avançarem em direção às novas aprendizagens?

Leia ou releia este livro:

Hernández, Fernando – Transgressão e mudança na educação: Os projetos de trabalho/Fernando Hernández, trad. Jussara Haubert Rodrigues – Porto Alegre: Artmed, 1988

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    Sônia Licursi

    Meu nome é Sônia Licursi. Aos 17 anos, iniciei meu percurso profissional como professora de Educação Infantil.

    Sou casada, mãe, psicóloga e orientadora educacional.

    Especialista em Psicodinâmica do Adolescente pelo Instituto Sedes Sapientiae, com experiência profissional nas áreas: clínica, educacional e social.

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