Educação para a sustentabilidade: muito além dos trabalhinhos com recicláveis

Minha filha tem apenas três anos, mas já sabe fazer trabalhinhos com restos de caixinhas de leite, latas de ervilha e garrafas PET. Acho bonito ver que ela está aprendendo que parte do nosso lixo pode ser reaproveitado, que é nossa responsabilidade separá-lo para a reciclagem e que o planeta está passando por sérias dificuldades para continuar mantendo nossas crescentes demandas por água, alimentos e bugigangas.

Reconheço o valor disso tudo, mas não vejo, pelo menos na escola da minha filha, um real preparo dos professores para lidar com o tema da sustentabilidade. Essas crianças terão que lidar com um planeta em crise, em que a escassez de recursos naturais e a contaminação ambiental colocam em xeque o estilo de vida predominante nos países desenvolvidos. Reciclar e fechar a torneira enquanto se escova os dentes são apenas pequenas mudanças de atitude, infelizmente insuficientes diante do tamanho das mudanças necessárias.

Minha filhinha está aprendendo a reciclar, mas não está aprendendo a amar a natureza e a compreender a interdependência que existe entre ela e o ecossistema. Não está aprendendo que, para ter um “mundo melhor”, é preciso colocar abaixo a ilusão de que a felicidade está em “ter” cada vez mais.

Estamos, portanto, falando da necessidade de olhar com crítica para a forma como temos vivido e de caminharmos para a construção de valores mais saudáveis, libertadores e coerentes com a época em que vivemos. Acredito que não se aprende a amar a natureza fazendo trabalhinhos com materiais recicláveis, nem indo ao zoológico, nem colando fotos de animais fofos no caderninho. Só percebemos nossa profunda conexão com a natureza quando sentimos o cheiro da mata, nos emocionamos com sua beleza e nos surpreendemos com as inúmeras vidas que seguem harmoniosas, na maior parte do tempo bem longe dos nossos olhos.

Essa conexão precisa ser restabelecida. E se as escolas quiserem de fato contribuir para isso, precisam se aprofundar e começar a ir além da reciclagem. Outro dia, aliás, minha filha precisava levar três garrafas PET para a escola, coisa que não temos aqui em casa. Eu pensei em abrir uma exceção e comprar alguns refrigerantes, mas resolvi juntar outras coisas pra ela levar no lugar e procurar a professora para falar sobre isso. Percebi que, nesse tema, a escola tem muito pouco a ensinar para ela.

Para não terminar este texto sem apontar caminhos, convido você a conhecer a experiência de uma escola em Seattle, de onde saíram algumas inspirações para minha reflexão: http://www.hypeness.com.br/2013/10/uma-escola-onde-as-aulas-acontecem-dentro-da-floresta/

Mariana Menezes é jornalista e mãe da Bebel e do Francisco

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    Sônia Licursi

    Meu nome é Sônia Licursi. Aos 17 anos, iniciei meu percurso profissional como professora de Educação Infantil.

    Sou casada, mãe, psicóloga e orientadora educacional.

    Especialista em Psicodinâmica do Adolescente pelo Instituto Sedes Sapientiae, com experiência profissional nas áreas: clínica, educacional e social.

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