A chegada de um irmão

Quando nasce o bebê, o irmão se sente feliz, triste e ameaçado ao mesmo tempo. No momento em que pais, avós e tios apresentam o novo ser, todos os olhares se voltam para ver a reação do irmão. Há sempre uma pessoa que brinca, falando sério, que o colo foi perdido e que, agora, já está mocinho.

Atualmente, ganha presente o bebê e, por tabela, o irmão.

Com a chegada do bebê, nasce uma difícil tarefa de entender o contexto familiar. “Não faço aniversário! Hoje não é dia da criança! O Natal não chegou! Tem um intruso na minha casa e eu ainda ganho presentes!“.

A criança presenteada passa a ocupar o novo lugar de irmão mais velho e, a partir dessa nova fase de vida, será convocado para ajudar mamãe e papai a cuidar do irmãozinho.

A atenção e os olhares são voltados, naturalmente, tanto para o ser que ainda é indefeso e precisa de muitos cuidados como também para o mais velho. A criança que recebe esse irmão e os pais assumem uma tarefa com muitos afazeres e sentimentos. É uma experiência rica para além da vida familiar, um movimento para crescer e amadurecer.

Quanta aprendizagem traz a chegada de um irmão: observar o ambiente; saber o que quer; dizer o que deseja; participar da vida dos pais junto ao bebê; saber esperar sua vez; falar como quem tem experiência; querer aprender mais; expressar quando precisa de tempo; chorar quando se sente injustiçado; falar e ouvir quando não foi justo. Ufa!

O lugar de irmão mais velho, do meio ou caçula proporciona muitos olhares e ângulos. É com a diversidade que se avança. Os exemplos e o posicionamento dos adultos contribuem e autorizam esta interação.

É de pequeno e no núcleo familiar que se aprende a viver em grupo e solucionar conflitos.

É também na chegada do bebê que o lugar de filho único ganha o título de primogênito. Nessa hora, chega a real percepção de que a mamãe e o papai estão para além do desejo de ser exclusivo. Daí para frente, tudo passa a ser diferente!