Criança pode reivindicar?

Manifestação aqui, manifestação lá. É o povo na rua fazendo suas reivindicações.

O que chamou minha atenção foi a presença do público infantil que acompanhava as famílias nesses protestos.

Família toda na rua! Pessoas com rostos pintados, cartazes nas mãos, gritos guerreiros, falas melodiosas, hino nacional para todo mundo ouvir. Foi nesse contexto que nossas crianças marcaram presença nos manifestos.

Por que levar os filhos pequenos a esse tipo de evento?

As respostas estavam na ponta da língua: “Porque meu filho precisa fazer parte desse momento histórico que o nosso país está vivendo”. “A criançada, desde cedo, tem que aprender a reivindicar e mostrar para nossos governantes que o povo tem força e não aceita mais tanta corrupção, tanto descaso com a população brasileira”.

Já as crianças ao serem questionadas pela Folhinha (Folha de S. Paulo/ 22/06/13), sobre o que estavam fazendo nas ruas, algumas delas não entendiam muito por que estavam protestando. Outras respondiam que estavam lutando pelos direitos do povo; diziam, também, que as pessoas queriam passagens de ônibus, trem e metrô mais baratas. Tinha também criança só querendo ver a polícia. Sentimentos de medo e entusiasmo misturados.

Hoje nossas crianças participam ativamente do mundo adulto. Tudo é discutido na presença delas, e, muitas vezes, são elas que direcionam a vida das pessoas grandes. E quanta gente grande se deixa levar pelos caprichos de alguns pequenos voluntariosos?

Se a relação de crianças e adultos é tão estreita, porque não aproveitar a situação e o momento para refletir sobre violência, vandalismo, mobilização de pessoas, ética, política, conceito de público e privado, respeito…

Jovens e crianças aprendem com as atitudes dos pais e professores, portanto nossas ações e o nosso discurso devem andar de mãos dadas . Não posso falar de corrupção se sou aquela pessoa que gosta de dar um jeitinho para conseguir as coisas; não posso falar de inclusão social se não quero que meu filho estude na mesma sala daquele aluno que é portador de alguma síndrome.

Em casa e nas escolas, esse é um bom momento para discutir e refletir sobre o tema “autonomia moral”, assunto esse tão valorizado, mas algumas vezes tão esquecido!

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    Thais Bechara

    Meu nome é Thaís Bechara. Sou professora, pedagoga, mãe, psicopedagoga e orientadora educacional (exatamente nessa ordem). Com sólida experiência na área da Educação Infantil e Ensino Fundamental, sempre atuei em colégios de grande porte e de destaque no mercado.

    Sou graduada em Pedagogia (Orientação Educacional e Administração escolar), com Curso de Especialização em Psicopedagogia (“lato sensu”) pela PUC-SP- área institucional.

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