Somos responsáveis pelo processo de aprendizagem e seus problemas

 

Professor, você já se deparou com algum aluno com dificuldade de aprendizagem? Imagino que sim. Então responda: PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM ESCOLAR: RESPONSABILIDADE DE QUEM?

Essa é uma das questões que qualquer educador se faz constantemente, nos dias de hoje. Para ajudá-lo a responder a essa questão, inicialmente, vamos analisar o significado de alguns termos muito falados na escola.

O termo aprendizado, etimologicamente, segundo Cunha (1987), significa o ato de o aprendiz aprender, do latim apprenhendere, que significa apanhar algo. Portanto, a própria palavra aprendizado, em suas origens, sugere que o indivíduo dirige-se, ativamente, ao aprender. Segundo a definição etimológica, o termo problema surgiu no século XVII e refere-se a uma questão matemática, portanto, de origem lógica, proposta a fim de que seja dada uma solução (Cunha, 1987). Já a palavra distúrbio, etimologicamente (Cunha, 1987), significa alteração de ordem das coisas, interrupção e, quando se refere ao aprendizado, está, em geral, relacionada a comprometimentos neurológicos que afetam o ato de aprender. Esses relacionam-se à disfunção do sistema nervoso central.

Houve uma época, portanto, que crianças que não acompanhavam seus colegas na aprendizagem passavam a ser designadas como anormais escolares, já que seu fracasso era atribuído a alguma anormalidade orgânica.

Nos dias de hoje, na visão sociointeracionista, as atividades do aprendizado escolar são sistemáticas e têm uma intencionalidade pensada; um compromisso explícito, historicamente comprometido em tornar acessível o conhecimento formal organizado pela cultura. As crianças, à medida que são encorajadas a adquirir conceitos científicos nas atividades propostas pela escola, estão modificando sua relação cognitiva com o mundo. Por consequência, o aprender modifica o desenvolver.

Olhando dessa maneira, os alunos que apresentam diferentes ritmos e comportamentos tidos como problemas no aprendizado escolar, fazem parte da constituição heterogênea do grupo-escola; assim sendo, não deveriam ser vistos como casos estigmatizados e isolados.

Trata-se, então, de olhar a criança com problema de aprendizado escolar muito mais para identificar as suas capacidades potenciais no seu próprio desenvolvimento e aprendizado do que patologizar esse problema em “distúrbios” ou “doenças”.

O papel do educador, então, é o de possibilitar intervenções a fim de que seja dada uma solução ao problema de aprendizado escolar. O professor deve olhar o processo educativo global em oposição à rotulação do aluno, indicando possíveis intervenções. Do mesmo modo, os pais devem dar o incentivo e a credibilidade do saber e conhecimento que a escola desenvolve com os filhos, bem como enfrentar desafios do ato de aprender.

Dessa forma, o papel da escola e, consequentemente do professor, no cenário atual, é lidar com a formação do conhecimento e do saber.  Somos responsáveis pelo processo de aprendizagem e seus problemas.

Intervir no processo de aprendizagem de um aluno com dificuldades, demanda da escola serviços educacionais, investimento nos professores, tempo para que esses professores se reúnam e planejem, auxílio técnico apropriado…

É o professor que vai fazer a diferença na história escolar desse aluno com dificuldades.

Como seria esse professor?

Um ensinante curioso, disponível para aprender, que se permita ficar intrigado diante de um aluno “enigma”, que vá em  busca de informações e conhecimentos para alavancar a sua ação docente. Portanto, esse professor é  VOCÊ!

Referências bibliográficas

CUNHA, Geraldo A. Dicionário etimológico da língua portuguesa. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1987.

REGO, Teresa  C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação, Petrópolis, RJ, Editora Vozes, 1995

SCOZ, Beatriz, Psicopedagogia e a realidade escolar; o problema escolar e de aprendizagem. Petrópolis, Editora Vozes, 1994

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    Thais Bechara

    Meu nome é Thaís Bechara. Sou professora, pedagoga, mãe, psicopedagoga e orientadora educacional (exatamente nessa ordem). Com sólida experiência na área da Educação Infantil e Ensino Fundamental, sempre atuei em colégios de grande porte e de destaque no mercado.

    Sou graduada em Pedagogia (Orientação Educacional e Administração escolar), com Curso de Especialização em Psicopedagogia (“lato sensu”) pela PUC-SP- área institucional.

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