Uma história de aprender e ensinar

É fato que criança tem um jeito bem especial de resolver situações muito diferente do adulto!

Criança usa sua praticidade, sua objetividade e a lógica. Simples assim! Pondo em prática sua vivência infantil, tendo permissão para aventurar-se e para explorar o mundo, a criança aprende e ensina ao mesmo tempo.

A criança pensa diferente do adulto, pois tem uma maneira especial de compreender e explicar as coisas do nosso dia a dia.

A história que vou contar resume essa teoria!

Era período de férias e nada melhor do que um casal levar seus três filhos ao cinema, para assistir aquele lançamento que está fazendo o maior sucesso!

E lá foram o pai, a mãe, Teo (4 anos), Marcos (8 anos) e Cadu (12 anos).

Sala de cinema lotada, filme legal e pipoca à vontade! Até aí, tudo certo. Acabado o filme, deu aquela vontade de fazer xixi. Então, o pai e seus três filhos se deslocaram para o banheiro do shopping.

Todos entraram, cada um em uma cabine. Teo, que acabou de completar seus quatro anos, já está crescido, portanto, na procura de ter sua privacidade, trancou a porta. Afinal de contas, não é isso que todos fazem ao entrar no banheiro?

Pois é! Foi o que Teo achava até perceber que estava preso, pois não conseguia destrancar a porta! Não havia espaços extras. Paredes até o teto e apenas um pequeno vão entre o chão e a porta.

Teo estava muito desconfortável nessa situação!

Ao presenciar essa cena, Marcos, o filho do meio, se desesperou ao ver o irmão trancado naquele espaço desconhecido e solitário. Aos prantos, falava para todos, inclusive para a mãe que estava lá fora do banheiro masculino: “Perdemos o Teo! Perdemos o Teo!”

É claro que , atrás da porta, estava o pai tentando tranquilizar o filho dizendo-lhe que já havia chamado o segurança e logo chegaria alguém que iria destrancar a porta. Enquanto a equipe não chegava, o pai, na melhor das intenções tentando distrair o filho, começou a falar do filme que tinham acabado de assistir, mas para surpresa dele, Teo comunicou-lhe que aquela hora não era o momento de discutir sobre o filme e que não queria falar sobre isso!

A essa altura, Cadu levou o irmão para ficar com a mãe, pois não estava ajudando em nada no quesito “tranquilizar o irmão”.

Logo, Cadu voltou e fez um reconhecimento do local. Observou os espaços e o funcionamento das maçanetas. Analisou possibilidades e entrou em ação!

Afastou, ligeiramente, o pai da porta, colocou suas mãos no pequeno vão embaixo da porta e deu algumas instruções:

– Teo, você está vendo minhas mãos aqui embaixo?

– Sim, respondeu o irmão prontamente.

Cadu pediu para o irmão ficar de frente para a porta. Segurou os dois pés do irmão e falou:

– Sabe esse pé que estou apertando (esquerdo)? Então use sua mão desse mesmo lado do pé que estou apertando e toque na maçaneta. Gire a tranca da porta.

E, como num passe de mágica, a porta abriu!

Irmão abraçou irmão e agora só permanecia o sentimento de gratidão e alívio!

A partir desse dia, Cadu recebeu o título de “nosso herói” dos irmãos mais novos.

Como todo pai bem antenado, a situação foi filmada, fato esse que deixou Marcos espantado e indignado: – Você estava filmando tudo? Você tem problema? É por isso que eu digo que criança é um ser maravilhoso! Vimos Cadu respeitar o ritmo de uma criança mais nova, observar os instrumentos de aprendizagem que seriam necessários, preparar uma estratégia de ensino que pudesse atender às necessidades do momento, fazer uso de uma linguagem apropriada e eficiente para alcançar o objetivo, estudar o ambiente de trabalho, explorar os sentidos, organizar o pensamento. O mais interessante disso tudo, foi que Cadu não fez e não esperou que os outros fizessem pelo irmão. Deixou que ele próprio conquistasse seu desafio, e tudo isso numa perfeita conexão entre sujeito ensinante e sujeito aprendente.

Preciso falar mais sobre aprender e ensinar?