Busca insana pela felicidade

Os desejos foram lançados. Os sonhos foram anotados. As metas foram descritas. Agora é hora de correr atrás…

Fábio Porchat , em uma das suas crônicas, Ética nos dias de hoje, foi muito feliz quando escreveu que, “muitas vezes, a cabeça diz uma coisa e nossas ações nos dizem outra.”

Exemplos? São vários. Nossa cabeça nos diz que devemos respeitar as pessoas, aceitar as diferenças, não abusar dos sentimentos dos outros e não impor a nossa opinião. Mas a ação de muitas pessoas é visivelmente outra. É a aplicação real do ditado “Faça o que falo, mas não faça o que faço.”

A cabeça nos diz que devemos incluir pessoas, mas quantas vezes as ações podem andar na contramão e, ao invés de agregar preferimos seguir a tendência de excluir, machucar e discriminar.

Todo começo de ano, somos peritos em estabelecer metas.

Foi nesse clima, num determinado programa de rádio, a repórter entrevistou algumas pessoas e fez perguntas sobre os desejos mais sonhados para o ano que se iniciava. Então, surgiu a voz de uma menina de sete anos, que acabou inspirando esse artigo. A tal menina revelou que seu grande desejo era estar matriculada numa sala de aula cuja professora não fosse chata e brava. E na continuação da resposta, a criança contou que, no ano anterior, os primeiros dias de aula foram muito difíceis, pois estava numa classe onde a professora era chata e brava. Depois da reclamação feita aos pais, essa situação mudou porque a mãe foi à escola, conversou com a coordenadora e, no outra dia, já estava na classe desejada.

Simplesmente assim!

Será que conviver com essa professora chata e brava por um ano não faria essa garota amadurecer e aprender o quanto é importante enfrentar situações desafiadoras? Será que não seria importante ajudar essa menina a entender que as pessoas não são iguais e que aceitar as diferenças irão ajudá-la a viver numa sociedade mais justa e menos preconceituosa? Será que não era um bom momento para trabalhar com o sentimento de frustração?

No entanto, pela forma como a situação foi solucionada, prevaleceu a vontade da criança. Preferiram resgatar o jeito mais fácil e rápido de resolver um conflito. A mãe foi à escola, não deixou a filha assumir suas reponsabilidades e a escola abriu mão de desenvolver um belo trabalho no campo das relações.

Foi privada a possibilidade da criança crescer e tudo isso pela busca insana da felicidade. Será que a vida é assim? Mais uma vez ficou clara a incoerência entre o que a cabeça pensa e o que as ações revelam.

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    Sônia Licursi

    Meu nome é Sônia Licursi. Aos 17 anos, iniciei meu percurso profissional como professora de Educação Infantil.

    Sou casada, mãe, psicóloga e orientadora educacional.

    Especialista em Psicodinâmica do Adolescente pelo Instituto Sedes Sapientiae, com experiência profissional nas áreas: clínica, educacional e social.

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