Encontro com o gigante
Escultura de Ron Mueck
“O mundo ao qual as crianças são apresentadas não é do seu número, o que as leva a um modo peculiar de cognição”. O pensamento de Diana Corso faz um convite para nossa imaginação com o objetivo de tornarmos mais felizes nos diálogos com as crianças.
A autora traz uma metáfora, ” A casa do gigante” e a nomeia de instalação, e diz que é um lugar para ser visitado por nós adultos e nos convida para espiarmos um cômodo dessa casa. Comecemos observar a partir do nosso tamanho, com a nossa experiência sensorial e lúdica para que possamos entender as crianças.
O que vemos e o que sentimos? Somos pequenos diante do gigante? Vemos o que? Pernas, sapatos, barras de saias e os sons viriam de cima. Qual a sensação?
Podemos construir ideias do que vem de cima? Ver partes de cenas, frases…e assim vamos montando hipóteses, tentando decifrar e compreender o que acontece na casa do gigante. Quantos de nós na infância buscávamos cantinhos, espaços ou formas de brincar que nos encolhiam e nos mantinham introspectivos e voltados para encontros, brincadeiras conhecidas e repetidas! Sonhos, imaginação e devaneios.
É com esta experiência que podemos nos aproximar e conversar com as crianças. Um papo sério que ajuda o desfecho do mundo oferecido. É a partir da expressão da criança, da nossa experiência e de considerações com a nossa criança interna que compreendemos o que está acontecendo com a criança.
Portanto, na casa do gigante, falar alto olhando para baixo pode não dar certo. Colocar a criança para sua altura, efeito guindaste, a resposta só pode ser de passividade diante do medo e do desconhecimento. Movimentar o corpo e oferecer os braços para um encontro com a criança, para que ela possa ver do alto, olhar a situação de outro campo e se sentir segura afetivamente para se expressar, pode ser uma boa perspectiva. Sentar ao lado e ancorar, oferecer a troca de olhares, proporcionar um encontro para o entendimento, uma aprendizagem.
Diana reflete: “Na relação entre gigantes e pequeninos há uma dança de corpos,um jogo de olhares, um esforço de encontro que precisa vencer o desajuste de tamanhos, de visões”.
Outra experiência significativa para a autora foi a exposição do escultor australiano Ron Mueck e seus gigantes hiper -realistas que é visitada mundialmente por muitas pessoas e acredita que motivadas por sensações e vivências já conhecidas pelos observadores.
Leia mais:
Diana Corso – tomo conta do mundo – conficções de uma psicanalista
A casa do gigante- vida simples – julho 2015