Eu ou você? Quem vai tomar a providência?
Chegou em casa e na mochila estava o comunicado:
Srs. Pais ou responsáveis,
Comunico que seu filho não apresentou as lições de casa de Matemática.
Peço a colaboração para que realize as tarefas, para aprimorar sua participação em sala de aula.
Atenciosamente
Escola
Algo não vai bem na escola. A culpa é de quem? Solicitar a ajuda dos pais ou construir oportunidades de aprendizagem para regulação de experiência de vida na escola?
Segundo Sandra Dedeschi (Mestra em Educação pela Unicamp), 100% dos pais notificados tomam uma atitude diante da reclamação. 70% usam castigos e um terço deles com punição física. Essas atitudes pouco contribuem para solucionar o caso. Muitas vezes até causam transtornos maiores.
Pai é pai, não é escola. Sendo assim, não tem formação especializada.
A escola é quem tem a responsabilidade de identificar as causas e atuar para a resolução do problema e construção de saberes.
Escola é lugar de aprender. Portanto, é preciso criar espaços institucionais para resolução dos conflitos, por meio de assembleias e círculos restaurativos, segundo a professora de Psicologia Educacional Telma Vinha.
No texto Fracasso escolar e conflitos: quem se responsabiliza?, Telma apresenta um estudo de Maria Isabel Leme (Docente do Instituto de Psicologia da USP) com os seguintes dados: para 40% dos alunos as causas dos conflitos são pelo desinteresse deles próprios ou por seus traços de personalidade. Somente 14% acreditam que a escola pode influenciar de algum modo.
Educadores tendem a culpar as famílias pelo comportamento inadequado dos alunos, mas não é isso que é revelado nas pesquisas.
Então, segundo Telma Vinha, a sugestão é que em vez de solicitar aos pais que “tomem” providências , é mais construtivo que a escola avalie seus processos”
. A responsabilidade do educador é imensa!
Releitura: Revista Nova Escola – março 2016