Glória, hoje é para você…
Neste final de semana vivi muitas emoções . Uma festa junina. Uma festa do aniversário de uma amiga. Fui presenteada com as festas e com o livro de Lya Luft o tempo é um rio que corre. Olhei para o céu e vi especialmente uma estrela brilhar.
Silenciei e iniciei a leitura do livro na noite de sábado. Procurava algo que fizesse sentido para os desafios que a vida me apresentava no mesmo dia.
A leitura foi me encantando e me estimulou visitar as casas guardadas na minha memória. No comentário da capa do livro: “Tudo passa e nada passa nessas águas que fluem, transformam e fazem crescer”, encontrei algum sentido para o meu final de semana.
Adoro festa junina, faz parte da minha vida de educadora nas escolas. Sempre gostei da riqueza deste encontro com os temas da nossa terra e das músicas, os ensaios, a preparação. E foi muito bom estar nesta festa, ter sido convidada por sobrinhos e ver um dos meus sobrinhos netos dançar e cantar a música Arrasta-Pé de Dominguinhos.
Sinto-me feliz nos encontros com a família e com amigos. Boas conversas, brincadeiras e comidas boas, com sabor e a especialidade dos donos da casa.
Entre uma festa e outra recebi a notícia de que minha amiga Gloria havia se despedido desta vida. Pensei muito e queria estar lá e vê-la pela última vez, mas refleti em silêncio, já havia acontecido. Não poderia mais vê-la.
O livro que ganhei somou aos acontecimentos do final de semana. Pensei em minha história de vida e comecei abrir as casas que habitei e visitar o que trago hoje com todas as contradições do tempo. Refleti sobre o que morreu em mim e o que está eternizado.
Então fiz o movimento no domingo, telefonei para as filhas de minha amiga e para outras amigas do nosso circulo de amizade, que vem há trinta anos. Morei em João Pessoa dois anos e essas amizades perduram até hoje.
Abri a porta da casa paraibana e com isso muita emoção, a memória e a saudades dos bons tempos, das nossas conversas, e das crianças pequenas. Éramos mães de primeira viagem e a amiga Glória, a mais experiente, as suas filhas já eram moças, tinha sempre o que nos contar. As filhas já crescidas, delicadas e amorosas com nossos filhos. Lembrei-me dos encontros na casa da praia em Camboinhas e as deliciosas comidinhas preparadas por ela e suas filhas… Os bolos e os doces… sinto o sabor de cada um…São amigas talentosos na arte de receber bem e na amorosidade.
Com essas lembranças pensei que o céu está em festa e hoje tenho mais uma estrela no céu. Olharei sempre para o céu e a verei brilhar.
E todas às vezes que eu estiver recebendo amigos ou fazendo meus trabalhos manuais, lembrarei de você Glória, com seus deliciosos quitutes, com a perfeição e beleza dos seus bordados e costuras.
Parafraseando Lya Luft: “ A vida é uma casa que construímos com as próprias mãos, criando calos, esfolando joelhos, respirando poeira. Levantamos alicerces, paredes, aberturas e telhado. Podem ser janelas amplas pra enxergar o mundo, ou estreitas para nos isolarmos dele. Pode haver jardins, pátio, por pequenos que sejam, com flores, com balanços, para a alegria; ou só com lajes frias, para melancolia”, visito em meu coração os jardins, as flores, a dor da distância e os bons momentos vividos eternizados.