Segundas e quartas com a mãe…
Meu nome pode ser João, José ou Miguel. Moro, uns dias com a minha mãe, e outros com o meu pai. Estudo em uma escola particular, na cidade grande.
Tenho vários amigos. Alguns são um pouco mais velhos do que eu, mas a maioria tem a minha idade. Prefiro a companhia dos meninos para jogar bola, videogame ou brincar de esconde-esconde. Meninas? Em alguns momentos nós até queremos ficar juntos, mas tem hora que é cada um no seu quadrado.
Assim é a vida e acho que sempre foi assim!
Segundas e quartas-feiras fico com minha mãe. As terças e quintas são reservadas para o meu pai. Os fins de semana são revezados.
Meus pais, os pais do meu amigo e todos os adultos nomeiam isso de guarda compartilhada.
Papai e mamãe foram casados por seis anos, mas um dia a separação chegou. Vieram com uma conversa que nada ia mudar e que eu sempre seria a prioridade deles.
Posso dizer que no início foi meio estranho! Ora eu estava aqui, ora estava lá. E, lá embaixo no play, entre um papo e outro com o meu amigo Pedro, conversamos sobre a separação dos nossos pais. Essa vivência parece que foi mais tranquila para mim do que para ele. Eu nunca presenciei briga, discussões e desrespeito, já o meu amigo não teve a mesma sorte!
Meu pai, minha mãe e eu convivemos bem! Eu sei quando e onde estarei durante a semana e eles me ajudam na organização do meu espaço físico, escolar, familiar, social e emocional.
No entanto, Pedro reclama bastante das brigas vivenciadas, das disputas enfrentadas, das mentiras ditas e dos segredos revelados sempre que uma das partes se sente excluída. Ele conta que é nessa hora que a justiça interfere na vida dele e ele escuta: “Tem que ser assim porque o juiz determinou!”
Só sei que Pedro e eu temos pais e mães e queremos ser bem tratados por eles. Lemos no jornal que, agora, a guarda dividida entre pais será uma regra. Meus pais se dão bem e ambos participam da minha rotina e obrigações com naturalidade e sem tumulto. Os pais do Pedro só se comunicam por e-mail, mensagem de texto ou advogado. Ele não tem a menor ideia como isso será resolvido na vida familiar dele.
Eu apenas quero deixar registrado que nós, filhos de pais separados, só queremos que os adultos tomem decisões sempre priorizando o nosso bem-estar e sejam muito cautelosos preservando ao máximo os direitos da criança.
Peço-lhes, também, que rezem pelo meu amigo Pedro. Acho que nem preciso dar maiores explicações!